HAVDALÁ, A CERIMÔNIA DO FIM DO SHABAT

"Abençoado sejas Tu, ó Senhor nosso o ETERNO, Rei do
Universo, que distingues entre o sagrado e o profano, entre a luz e a
escuridão, entre Israel e as nações, e entre o sétimo dia e os outros seis
dias de trabalho”.
Havdalá é uma cerimônia profundamente poética,
realizada sempre no final do Shabat e das festas. Marca a passagem de um dia
sagrado para um dia de rotina, ou seja, do Shabat para o restante da semana.
A Havdalá, palavra cuja origem vem do hebraico Le’Havdil – separar ou
diferenciar – marca também o fim de todas as leis especiais e as proibições
relativas ao Shabat. Após essa cerimônia, é permitido recomeçar a rotina
semanal do viver cotidiano.
A Havdalá é recitada em pé, ao anoitecer de sábado, após o aparecimento das
primeiras três estrelas médias. Esta prece pode ser feita em casa ou na
sinagoga e não requer um minian (quorum de dez judeus). É um mandamento que
tanto homens quanto mulheres devem seguir. Se não for possível realizar a
cerimônia inteira, deve-se fazer, ao menos, a bênção abreviada (Baruch
Hamavdil Ben Kodesh Lechol) antes de acender as luzes.
Entre sombras e luzes produzidas pela chama de uma vela comprida e trançada,
pronunciam-se quatro bênçãos, todas relacionadas com os nossos sentidos: a
primeira sobre uma bebida – geralmente vinho; a segunda sobre especiarias ou
uma planta perfumada; a terceira, sobre a luz da chama; e a quarta e última,
em louvor a o ETERNO, confiantes que Ele nos dará a força e a determinação para
enfrentar os desafios da nova semana.
A cerimônia começa ou termina com uma canção que fala sobre Eliahu Hanavi. O
profeta anuncia o Messias que, segundo a tradição, não virá no Shabat, pois
este representa o sabor do mundo vindouro. Portanto, quando o Shabat
termina, pode-se voltar a ter esperança de que o profeta Eliahu está por
vir, prenunciando a época messiânica. O mundo, então, será transformado em
um longo Shabat.
As bênçãos
As bênçãos são feitas em seqüência específica, o que pode ser entendido como
um aprimoramento, uma elevação espiritual: dos lábios para o nariz, daí para
os olhos e, finalmente, para o cérebro. Isto é, enquanto o vinho deve ser
tomado, as especiarias bastam ser aspiradas para elevar e alegrar nossa
alma. A vela nem precisa estar muito próxima para que sua luz derrame
claridade, enquanto que para nos conscientizarmos do término do Shabat não
se faz necessário nenhum dos sentidos, é como se nosso cérebro o
compreendesse de pronto.
Assim como o Shabat começa com o kidush – a bênção sobre o vinho – também
termina, na Havdalá, da mesma forma. O vinho tem uma conotação de alegria e
de celebração. Existe o costume de encher o copo de vinho até transbordar,
para atrair a bênção da abundância (Salmo 23). Apesar de ser a bebida mais
adequada para a reza, se não houver vinho, pode-se usar qualquer líquido
considerado importante, exceto água. Contrariamente ao do kidush, o vinho da
Havdalá não é distribuído aos presentes, sendo unicamente ingerido, ao final
da cerimônia, por aquele que anuncia a bênção. Há também entre as diferentes
comunidades o costume de esfregar vinho nas têmporas ou atrás da orelha. Os
sefaraditas costumam passá-lo atrás da orelha, nas têmporas, na nuca e nos
cantos dos bolsos, para trazer sorte.
A bênção sobre as especiarias é a segunda. Esta é a uma das raras vezes no
ritual judaico em que se usam aromas. Desconhecemos a origem do costume,
pois esta já se tinha perdido quando o Talmud foi escrito. Qual seria o
significado deste ritual perfumado? Por que devemos inalar o aroma de
especiarias (bessamim, em hebraico) no final do Shabat? Segundo os
ensinamentos cabalísticos, na véspera do Shabat o homem recebe uma alma
suplementar, que em hebraico é chamada neshamá yeterá. Quando esta alma
adicional retorna a seu mundo, ao término do Shabat, o homem, sentindo a
perda, mergulha em profunda nostalgia e utiliza o perfume para se reerguer e
reanimar o corpo.
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